O início de um novo ano é sempre aquele momento em que somos incentivados a olhar para o que passou e também refazer a lista de intenções (e esperanças) para o que está por vir. Em tempos de pandemia, trazendo mudanças significativas para as nossas vidas com o isolamento social e o distanciamento das pessoas que nos fazem bem, é importante estarmos atentos ao nosso bem-estar emocional. A campanha Janeiro Branco surgiu neste mês para falar sobre a importância da construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade.
Em sua 8ª edição, vem com uma missão ainda mais forte, pois nem todas as pessoas começaram 2021 com o mesmo ânimo e empolgação de outros anos. A campanha precisou adaptar as ações presenciais e usar a tecnologia para fazer o bem, alcançando pessoas a partir de lives ou palestras online, rodas de conversa por videoconferência, tira-dúvidas virtuais, além de postagens diárias nas redes sociais. É por isso que começamos o ano apoiando a campanha Janeiro Branco, mostrando como a tecnologia e os dados podem ser relevantes para o alcance do pacto social pela saúde mental.
Janeiro Branco: usando as redes sociais para fazer o bem
Iniciada em 2014 pelo psicólogo Leonardo Abrahão Pires Rezende, o movimento é formado por voluntários de todo Brasil que se engajam para disseminar informações e dados sobre saúde mental. Para Abrahão, “2020 foi um ano de provas, de desafios e de revelações em relação à Saúde Mental de todas as pessoas do mundo”.
Estudos e pesquisas não deixam dúvidas que os brasileiros estão enfrentando uma epidemia de saúde mental, devido aos efeitos colaterais da pandemia do Covid-19. Também não há dúvidas de que usar a tecnologia para o bem é muito importante para ajudar a resolver esse enorme problema social. Desde o início do SGB, em 2012, nós acreditamos na força que as pessoas têm para usar o poder na ponta dos dedos.
O que os dados nos mostram sobre saúde mental
Os problemas de saúde mental são considerados a nova pandemia. A ansiedade, o estresse e a depressão passaram a ser vistas em pessoas próximas e distantes. Os dados mostram o aumento de casos no Brasil. São pessoas que precisam de ajuda e podem estar ao nosso lado – seja um vizinho, alguém do trabalho, um parente ou uma pessoa que está em alguma das suas redes sociais. Aliás, o uso excessivo delas também contribui para as pessoas se sentirem bem ou não.
Promover a saúde mental e o bem-estar é parte do ODS 3 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável), da Fundação das Nações Unidas. Atualmente temos uma necessidade coletiva de enfrentar os problemas de saúde que vão além do nosso corpo e afetam a vida pessoal e profissional. No ambiente de trabalho estão os maiores índices de problemas de saúde mental, influenciando também nas taxas crescentes de suicídio no Brasil (o que alterou a redação desta meta global).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que quase 1 bilhão de pessoas vivem com transtorno mental, sendo a saúde mental uma das áreas mais negligenciadas da saúde pública. Agora, bilhões de pessoas em todo o mundo foram afetadas pela pandemia de Covid-19, que está causando um impacto adicional na saúde mental das pessoas.
Segundo a OMS, a pandemia interrompeu serviços essenciais de Saúde Mental em 93% dos países do mundo e, ao mesmo tempo, intensificou a procura por esses mesmos serviços (Fonte: Janeiro Branco)
Segundo a diretora da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), os países devem ampliar a oferta de serviços de saúde mental para lidar com os efeitos da pandemia. Além do impacto nos profissionais de saúde, pacientes positivos para Covid-19 tiveram insônia, delírio ou depressão
Uma pesquisa da UERJsobre o comportamento dos brasileiros na quarentena aponta que casos de depressão dobraram entre os entrevistados, sendo que casos de ansiedade e estresse aumentaram 80% nesse período.
Outra pesquisa, realizada pela UFGRS, aponta que 68% da população tem sintomas depressivos, enquanto 80% dos brasileiros se tornaram mais ansiosos em meio à pandemia.
No Brasil, a primeira fase de uma pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde no final de 2020 detectou ansiedade em 86,5% dos indivíduos pesquisados, transtorno de estresse pós-traumático em 45,5% e depressão grave em 16% dos participantes do estudo.
O uso de dados para o bem-estar emocional
Fernanda Bornhausen, que é psicóloga, co-fundadora e presidente voluntária do Social Good Brasil, deu uma entrevista sobre o tema para o programa SC no Ar, da Record TV. Ela reforça a importância da campanha janeiro branco, especialmente após analisar os dados alarmantes sobre saúde mental durante a pandemia e dá dicas de como podemos nos equilibrar através de hábitos saudáveis e apoio mútuo para superarmos o momento difícil que estamos vivendo.
No início da pandemia Fernanda liderou mais de 100 voluntários criando produtos de inteligência de dados para resolver problemas sociais com metodologia SGB , como a sala de situação digital ou data for good Covid-19 (dados para o bem), que foi destaque de matéria de capa da Revista Exame como uma das 50 inovações da Pandemia. Ela e o time do SGB se surpreenderam ao ver e analisar diariamente os dados anonimizados sobre a Covid-19 em Santa Catarina que deixavam claro que haveria uma epidemia de saúde mental.