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Governo de Goiás propõe que prefeitos adotem Lei Seca após as 22h para conter casos de coronavírus
Nossa Região
Publicado em 26/01/2021

Por Rafael Oliveira, G1 GO

 


Governador Ronaldo Caiado promoveu videoconferência para ouvir prefeitos sobre a pandemia em Goiás — Foto: Reprodução/Facebook

Governador Ronaldo Caiado promoveu videoconferência para ouvir prefeitos sobre a pandemia em Goiás — Foto: Reprodução/Facebook

 

O governador Ronaldo Caiado (DEM) propôs a prefeitos que proíbam a venda de bebidas alcoólicas após as 22h em bares, restaurantes e comércios em geral por meio da Lei Seca para conter a transmissão do coronavírus em Goiás. Foram ouvidos prefeitos de cidades que têm UTIs públicas, por meio de videoconferência nesta segunda-feira (25), para que apresentassem propostas e avaliassem a possibilidade de transferência de pacientes graves entre municípios, já que apenas quatro cidades têm leitos disponíveis.

A nova medida será implementada pelo governo após os prefeitos responderem a uma enquete se são favoráveis ou não à nova medida. Assim que a votação alcançar votos positivos da metade e mais um prefeito, o governo tomará a decisão por meio de decreto. Até as 15h50 desta segunda-feira, o governador informou que 50 prefeitos já votaram e 97% deles são favoráveis.

Caiado alertou para a alta taxa de ocupação dos leitos de UTIs no domingo (24), enquanto recebia 65,5 mil doses da vacina Astrazeneca/Oxford em Goiânia. O político avaliou o indicador como "no limite".

A principal preocupação apresentada por prefeitos é a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) nos hospitais municipais e estaduais. Os prefeitos de ItumbiaraPorangatuJataíLuziânia e Formosa informaram que todos os leitos estão ocupados nesta segunda-feira.

Como Anápolis, Rio Verde, Aparecida de Goiânia e Goiânia têm vagas de UTI disponíveis, o governador informou que pode ser estudada uma forma de transferência de pacientes graves para estas cidades.

O prefeito de Luziânia, Diego Sorgatto, aproveitou o momento para solicitar instalação de novos leitos na cidade pela Secretaria Estadual de Saúde.

Para o governador Ronaldo Caiado, a crescente taxa de ocupação na rede hospitalar pública pode se agravar sem a adoção de medidas restritivas.

 

"Minha visão médica é que podemos, amanhã, estar numa situação crítica", pontuou o governador.

 

Para a superintendente de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim, os bares são os locais de maior risco de contágio.

 

"Porque as pessoas se aglomeram e retiram a máscara. Quando tem bebida alcoólica, a pessoa fica mais tempo no local. Essa seria medida a restritiva [Lei Seca] para evitar aglomerações", avaliou Amorim.

 

O presidente da Federação do Comércio de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi, que representa os setores de bares e restaurantes, apoiou a medida, mas de forma momentânea.

"Podemos aumentar os leitos e ofertas de tratamento de Covid-19. Na medida que a pandemia for diminuindo a intensidade, podemos reduzir a Lei Seca para que os comércios voltem ao normal", avaliou Baiocchi.

 

Crescimento de casos positivos

 

Flúvia Amorim ainda apresentou um estudo da Universidade Federal de Goiás (UFG) que mostra que a segunda onda da Covid-19 chegou ao estado.

Para a superintendente, o temor é que este momento seja pior que o primeiro, como tem sido visto em outros estados, apontando o exemplo do Amazonas, que entrou num colapso da rede pública de saúde.

O estudo separou 10 cidades goianas que apresentam grau elevado de transmissibilidade da doença. Flúvia Amorim explica que os municípios que têm taxa média de contágio acima de 1 ponto estão com a transmissão do vírus em estágio "acelerado". Então, cada caso positivo gera mais um. Veja abaixo:

 

 

  • Goiânia: 1.01
  • Aparecida de Goiânia: 1.52
  • Rio Verde: 1.75
  • Águas Lindas de Goiás: 1.54
  • Luziânia: 1.74
  • Valparaíso de Goiás: 1.76
  • Trindade: 1.83
  • Formosa: 1.27
  • Novo Gama: 1.75
  • Senador Canedo: 1.61

 

 

Testagem em Goiânia

 

A escalada dos casos positivos em Goiânia preocupa a administração municipal, conforme o secretário de Saúde da capital, Durval Fonseca Pedroso. Segundo ele, a última testagem em massa realizada pela prefeitura em janeiro mostrou que a taxa de transmissão do vírus subiu para 14%, numa amostra de 4 mil pessoas, enquanto a mesma taxa era de 3,5% em novembro do ano passado.

 

"Dos testados, 200 pessoas passaram por avaliação médica e metade apresentava sintomas da doença. O que preocupa é a circulação do assintomático de maneira mais relaxada", ressaltou o secretário.

 

Como a taxa de ocupação dos leitos de UTI em Goiânia está próxima a 80%, o secretário informou que foram acrescentados mais 28 leitos exclusivos para a Covid-19 na última semana.

 

"Essa questão dos bares deve ter avaliação sobre a permanência das pessoas neles. Precisamos de fiscalização mais ostensiva neste momento", opina Pedroso.
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