Mesmo com baixa quantidade de profissionais testados para a Covid-19, o número de cobradores e motoristas infectados com o novo coronavírus no Distrito Federal subiu 85,1% em 15 dias. Entre 1º de junho e essa quinta-feira (16/7), a quantidade de rodoviários contaminados com a doença aumentou de 27 para 50. Isso em um universo de apenas 97 trabalhadores submetidos ao exame para a detecção da Covid-19: ao todo, o DF tem 12 mil motoristas e cobradores.
Entre os infectados, oito rodoviários não resistiram às complicações da doença e morreram, segundo dados do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte Terrestre do DF (Sittraer-DF). Entre os afastados por atestado médico ou com suspeita de Covid-19, ainda sem testagem, existem 240 profissionais.
A categoria tem mantido 100% da frota do DF funcionando durante a pandemia. O sistema de transporte público carrega, diariamente, cerca de 500 mil pessoas, segundo dados da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), e não pode parar.
Mesmo com todos os cuidados necessários, como o uso de máscaras, higienização das mãos e dos coletivos, os profissionais ainda trabalham com medo e não têm conseguido acesso aos testes. “Nos prometeram testagem de 15 em 15 dias, mas isso não ocorreu. Já tentei testagem no posto, na internet, em diversos lugares, e não consigo, mesmo com sintomas”, afirmou uma rodoviária que preferiu não se identificar.
Combate
Como medida para combater o avanço do coronavírus, a Secretaria de Transporte e Mobilidade do Distrito Federal (Semob) realiza a descontaminação e higienização dos ônibus (foto em destaque) a cada parada nos terminais. A testagem dos profissionais, contudo, não é obrigatória.
As empresas Marechal, São José, Pioneira e Piracicabana, que atendem o DF, também tomaram medidas de prevenção. Todas distribuíram máscaras e álcool em gel para seus colaboradores e têm higienizado os ônibus. A Marechal, a São José e a Pioneira instalaram, ainda, uma placa de acrílico para proteger os cobradores e uma proteção para os motoristas.
As empresas alegaram que a quantidade de usuários caiu 70%. A redução no número de passageiros e, consequentemente, da receita, impossibilitaria a manutenção dos serviçosHUGO BARRETO/METRÓPOLES
O Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) recomendou ao GDF que os ônibus rodem com apenas 50% da capacidade máxima