Aplaquinha toda enfeitada na porta do quarto da maternidade anuncia: ali nasceu mais um bebê, pronto para ser festejado por parentes e amigos. A tradição gostosa das primeiras horas após o parto, no entanto, está diferente em tempos de Covid-19. E não é só ela. Os cuidados diante da pandemia do novo coronavírus forçaram mudanças comportamentais e estruturais nas maternidades desde o pré, passando pelo parto até chegar ao pós.
As parturientes estão lidando com essa nova realidade desde março. “Elas (gestantes) estão com muito medo, todas querem ir embora o quanto antes (assim que chegam ao hospital). Estão temerárias, com receio de ficar em ambiente hospitalar, mas, no geral, a gente consegue acalmá-las. E elas veem que a estrutura está adaptada e segura”, relata Cibele Bertoldo, coordenadora geral da obstetrícia do Hospital Santa Luzia.
Recepção exclusiva, fluxo diferenciado em relação aos pacientes do pronto-socorro, redução de acompanhantes e visitas, alta precoce, entre outras medidas, fazem parte do processo de segurança necessário.
Em sua segunda gestação, a analista de sistemas Luciana dos Santos, 39 anos, admite estar com “muitos medos”. Preocupada com o mundo que seu novo bebê irá enfrentar, ela afirma que tem tomado uma série de cuidados especiais. “A pandemia pegou todo mundo de surpresa surgiram muitos outros medos, além dos normais da maternidade. A primeira decisão que acertamos aqui em casa é que, mesmo que exista a possibilidade, não vamos querer nossos familiares e amigos na maternidade. O contexto do nascimento da nossa filha em meio a esse caos já é preocupação suficiente para nós e não queremos expor ninguém ao risco de contaminação.”
Grávida pela primeira vez, a servidora pública Larissa Santos Araujo, 35 anos, também relata receios. “Principalmente no início da pandemia, havia muita desinformação, notícias de mortes de mães com Covid. Esse tipo de informação me assustou muito, mas tenho tomado todos os cuidados para não pegar o vírus”, desabafa.