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“Não haverá vacina em 1 ano”, diz única brasileira pesquisando Covid na OMS
Governo
Publicado em 05/06/2020

“Não haverá vacina em 1 ano”, diz única brasileira pesquisando Covid na OMS

Cristiana Toscano conversou com exclusividade com Metrópoles. Nesta sexta-feira, comitê internacional começa a avaliar 121 estudos em curso

Cristiana Toscano é a única brasileira em grupo da OMS que avaliará estudas para um vacina contra o coronavírusCOLIN POITRAS/YALE UNIVERSITY

ATUALIZADO 05/06/2020 8:29

Um dia antes do Grupo Estratégico Internacional de Experts em Vacinas da Organização Mundial da Saúde (OMS) começar a avaliar os primeiros resultados dos 121 estudos em curso, a única brasileira que faz parte do comitê (e também a única representante da América do Sul) pausou a agenda e adiantou as mais recentes informações sobre a busca pelo imunobiológico. Ela é categórica: em menos de 12 meses, não há expectativas de que a vacina contra o novo coronavírus, causador da Covid-19, fique pronta e disponível para uso em larga escala.

A infectologista Cristiana Toscano, professora do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de Goiás (UFG) e representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM), conversou com exclusividade com o Metrópoles no início da noite desta quinta-feira (04/06). A especialista reafirma que toda a ciência está debruçada sobre a pesquisa para descobrir a fórmula, ou substância, que irá frear o novo coronavírus. Até lá, ela prega, o melhor caminho é o isolamento social.

Cristiana faz parte do grupo de cerca de 15 especialistas do México, Estados Unidos, Canadá, Europa e países da Ásia que irão ajudar a encontrar a principal demanda de saúde pública do século: a vacina contra o novo coronavírus. Atualmente, 10 estudos clínicos estão mais adiantados, entre eles, o do Reino Unido que terá testes no Brasil, começando por São Paulo.

“De forma realista e considerando um cenário otimista, se em todas essas etapas as vacinas que se iniciaram forem galgando garantias científicas, a gente espera ter a vacina final em até 12 meses. Menos que isso é muito difícil”, pondera.

Ela explica a necessidade desse tempo. “Esse ano provavelmente, embora tenhamos um grande avanço, não teremos a vacina. Para isso, são necessários uma serie de etapas clínicas que devem ser feitas com tempo para garantir segurança e eficácia. Depois, há testes com grande número de pessoas”, explica.

Quando a vacina estiver formulada, outra etapa terá de ser orquestrada: a produção. “Com os estudos, alguma ou algumas apostas vão sendo aprovadas. Mas ainda tem a fase de aumentar a capacidade industrial, sobretudo para responder a demanda global. Existem tecnologias diferentes para produção de vacina e cada uma pressupõem uma tecnologia de produção específica. Por isso, não podemos nos adiantar e projetar plantas de produção agora”, salienta.

O Brasil nas pesquisas
Nesta sexta-feira (05/06), o grupo da OMS começará a avaliar os resultados iniciais produzidos nas bancadas de laboratórios ao redor do mundo. “Existem algumas mais avançadas em termos de fases clinicas, estudos que estão na fase 2. Dentre essas, a do Reino Unido que será testada no Brasil”, adianta.

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