Em meio ao avanço do número de infectados e óbitos causados pelo novo coronavírus, o isolamento social de quem pode ficar em casa, para que aqueles que não podem consigam trabalhar em segurança, é a opção recomendada pelo Ministério da Saúde para se proteger da pandemia.
Enquanto algumas pessoas seguem à risca essa medida, outras resistem. Embora a circulação de pessoas nas ruas tenha diminuído 85% no meio de março, quando até as escolas de alguns estados, como o Rio de Janeiro, foram fechadas, este mês começou com aumento de 46% de cariocas fora de casa, de acordo com um levantamento feito pela CyberLabs. Mas como conversar com aqueles que, mesmo podendo, não querem ficar em casa?
Para Jacqueline Sobral, que ministra aulas de oratória há sete anos, é pertinente que se saiba a diferença entre convencer e persuadir. O primeiro se baseia em apresentar ao outro ideias, fatos, argumentos concretos, estatísticas. O segundo é “ir além dessas informações”, quando uma pessoa tenta promover algum tipo de mudança no comportamento daquele a quem se dirige.
— Quando eu apresento dados para uma pessoa, eu posso convencê-la. Só que isso não significa que ela vá ter algum tipo de ação — afirma. — Persuasão inclui envolvimento emocional. Então, além de dar dados, eu vou apresentar elementos que vão fazer com o que o outro tenha vínculo emocional, que se identifique. No contexto do novo coronavírus, uma boa maneira de fazer isso é contar a história de pessoas que vêm se contaminando. Números não levam à persuasão, mas histórias de vida, que têm rosto, nome, idade, conseguem surtir efeito maior.
A abordagem corporal correta, ao levantar assuntos relacionados à pandemia, também é importante para que haja efetividade na ação de persuadir.
Jacqueline Sobral reuniu algumas dicas de como se portar nessa situação, e o virologista e professor da UFRJ Davis Ferreira e a pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Margareth Dalcolmo levantaram alguns temas que facilmente podem entrar numa conversa para fortalecer o ato de conscientizar aquele que está subestimando o cenário da pandemia.
A importância da conversa Como mostrar ao outro os riscos oferecidos pelo novo coronavírus
É importante alertar sobre os riscos do novo coronavírus, que é mais infeccioso do que outros vírus conhecidos. Ele não só é transmitido pelas gotículas que se soltam ao tossir, espirrar, falar ou respirar, como pode ficar no ar por horas ou por dias em superfícies tocadas por mãos infectadas.
Passar segurança, tranquilidade e confiança pelo tom de voz: para ajudar nisso, é bom ter total conhecimento sobre o assunto, consumindo informações em veículos confiáveis. Tão importante quanto saber como falar é saber o que falar. Contato visual é importante: o olho no olho passa confiança.
Não mostrar ansiedade ao falar com o outro: mantenha-se seguro corporalmente. Pernas sacudindo podem atrapalhar no processo de persuasão e deixar margem para que a outra pessoa pense que você não sabe o que está falando.