Mandetta diz que governo federal vai construir hospital de campanha em Manaus
Ministro da Saúde visitou obras de hospital de campanha em Águas Lindas (GO) com Jair Bolsonaro. Presença gerou aglomeração, e presidente voltou a apertar a mão de apoiadores.
Por Alexandro Martello, G1 — Brasília
Presidente Bolsonaro visita canteiro de obras em Goiás
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse neste sábado (11) que o governo federal vai construir um hospital de campanha em Manaus, uma das cidades mais afetadas pelo coronavírus no país.
Mandetta deu a declaração durante visita às obras de um hospital de campanha em Águas Lindas, cidade goiana no entorno de Brasília. Segundo o ministro, a unidade de Águas Lindas servirá de modelo para os outros hospitais a serem erguidos em todo o país.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, também compareceu à obra. Na saída, caminhou por uma rua próxima, gerando aglomeração de moradores. É a terceira vez, em três dias, que Bolsonaro se envolve em multidões desse tipo, contrariando as orientações de distanciamento social feitas por autoridades de saúde em todo o mundo.
Durante a caminhada, o presidente tirou a máscara de proteção (veja vídeo acima) e segurou o tecido com a mão, infringindo novamente o protocolo de segurança. Uma das apoiadoras chegou a beijar a mão de Bolsonaro, que não tinha sido higienizada naquele momento.
Na quinta-feira (9), o presidente foi a uma padaria em Brasília e na sexta (10), ele foi a uma farmácia e a um prédio residencial. Nas duas oportunidades, e também após a visita ao hospital neste sábado, ele cumprimentou os apoiadores que se aproximaram.
Questionado sobre o a aglomeração, o ministro Mandetta disse que não era "juiz" e, por isso, não julgaria a atitude do presidente. Mandetta reforçou que as pessoas devem manter o isolamento social e ficar em casa. O ministro pediu "calma, disciplina, foco e ciência" para o país atravessar o momento de pandemia.
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deu entrevista durante visita a obras de hospital de campanha em Águas Lindas (GO) — Foto: Reprodução/TV Anhanguera
Mais hospitais
Na visita, Mandetta informou que a ordem de construção de um hospital de campanha em Manaus deve ser emitida neste domingo. O ministro afirmou que a capital amazônica está próxima do "colapso" – termo usado quando a rede de saúde não consegue atender à demanda de pacientes.
"Amanhã já vou dar ordem para fazer o primeiro em Manaus, cidade que está entrando em colapso. Vamos ter que fazer um lá, temos comunidades indígenas extensas. Então este daqui [de Águas Lindas] é o piloto, o primeiro dos federais", disse o ministro.
"Vamos usar esse aqui de Águas Lindas como modelo para a gente adaptar um padrão de hospital de campanha do governo federal", completou.
Ele afirmou que ainda não há uma previsão de quando os hospitais ficarão prontos.
Além de Mandetta e Bolsonaro, compareceram à obra os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Braga Netto (Casa Civil) e Tarcísio Freitas (Infraestrutura). Também estava presente o governador de Goiás, Ronaldo Caiado.
Ronaldo Caiado (DEM) compartilha álcool em gel com presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Águas Lindas de Goiás — Foto: Reprodução/Júnior Guimarães
De acordo com o ministro da Saúde, hospitais de campanha servirão para não deixar a população sem assistência neste período de pandemia de coronavírus, principalmente em locais com grande concentração populacional e infraestrutura insuficiente para lidar com o momento de crise.
"Aqui tem obra paralisada de hospital que nunca saiu para chegar na ponta, e agora está tendo que improvisar para dar o mínimo de condição de atendimento. Você tem uma região com ausência de estrutura proporcional ao tamanho da população. O que resta fazer? Uma unidade de campanha improvisada para não deixar desassistência", afirmou Mandetta.
Casos em Manaus
O Amazonas havia registrado 50 mortes causadas pelo coronavírus, conforme boletim divulgado nesta sexta-feira (10) pela Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM). Com 82 novos casos confirmados, o número total no estado chegou a 981.
Manaus concentrava, até o boletim da sexta, 863 casos confirmados da doença, com 42 mortes. No interior, o número de confirmados chegava a 118, em 16 municípios diferentes, com 8 óbitos pela doença.