O ministro da Justiça, Sergio Moro, entrou para o governo dizendo ser um técnico que migrara da cadeira de juiz para o primeiro escalão do Executivo. Pouco mais de um ano depois, dá sinais de aderir ao jogo político, mesmo quando diz que não o faz. Um dia depois de ir defender a prisão em segunda instância no Congresso e ser atacado por deputados de oposição, deu o troco.
Moro usou as redes sociais para afirmar que os parlamentares do PSOL dizem uma coisa e fazem outra. A publicação destoou das que o ministro costuma fazer, de divulgação de notícias relacionadas à segurança pública. Foi a deixa para os acusados rebaterem, também nas redes, e começar um debate sobre quem está disposto a investigar mais ou menos as milícias.
Moro sustenta que o PSOL não quis criminalizar as milícias quando o projeto anticrime foi analisado em uma comissão. O partido de oposição rebate alegando que a proposta caiu com apoio de vários partidos, inclusive dos aliados do governo, porque era genérica demais.
O nível que a conversa tomou, com a polarização característica das redes, pode ainda ser estranho ao ex-juiz que, com ar comedido, publicamente defende seu projeto original de combate ao crime. Para quem está no mundo político, ou pretende transitar por ele, é rotina.