Pais de crianças autistas recebem dicas e informações sobre direitos em palestra na Amag
Os pais de crianças diagnosticadas com transtorno do espectro autista (TEA) da cidade receberam uma atenção especial nesta semana por parte dos profissionais da Secretaria de Saúde de Aparecida. Em palestra ministrada pela psicopedagoga Ana Débora Lopes, especializada em Neuropedagodia e Educação Inclusiva, eles puderam receber uma série de informações a respeito dos sintomas, dicas para melhor socialização e também esclarecimentos jurídicos a respeito do autismo. O evento aconteceu na manhã desta quarta-feira (24) no Ambulatório Multiprofissional de Aparecida (Amag) e contou com a presença de toda a equipe multidisciplinar que atua no local.
Segundo o médico neuropediatra Gilson Carlos Batista de Souza, muitas pessoas não sabem dos direitos que a crianças têm e que as famílias também têm. Ele explica que alguns pais e mães, por exemplo, não sabem que a criança tem direito aos medicamentos de alto custo. “Não e necessário que receita médica seja da rede pública, ela pode ter sido fornecida por consulta realizada na rede particular e também por convênios, tanto de médicos quanto de dentistas. Poucas pessoas sabem também que o programa Farmácia Popular, do Governo Federal, oferece fraldas àqueles que necessitam. Basta que o pedido esteja documentado na receita médica” – pontua o médico.
Durante a palestra, Ana Débora abordou diversos aspectos que transitam em torno do tema autismo, como os problemas em comum enfrentados pelos pais e familiares no dia-a-dia, tanto em casa como na escola ou demais espaços de convivência pública. “É primordial observar com atenção as partes orgânicas do seu filho. Perceber alergias, problemas gastrointestinais, refluxos, e demais disfunções que podem afetar o comportamento do seu filho. Isso vai trazer muito mais conformo e qualidade de vida para ele e para vocês. É essencial que vocês procurem ter contato com outros pais e mães, isso pode ajudar a pular algumas etapas do aprendizado. Não se esqueçam, vocês não estão sozinhos” – esclarece a psicopedagoga.
Ela lembra que é essencial para o processo de socialização das crianças autistas que os pais procurem realizar atividades externas, de preferência que propiciem a convivência com demais crianças. “Antes de tudo, é imprescindível que vocês se lembrem que seu filho é uma criança. Portanto, não coloquem a culpa de tudo no autismo. Ainda assim, é importante ter em casa, pendurado na parede do quarto ou do banheiro, um quadro das rotinas dele e da casa. Isso é essencial para ajudar a diminuir possíveis crises de ansiedade ou de teimosias. Mas também é preciso que vocês também cuidem de si próprios, que namorem, que façam exercícios físicos. Vocês precisam estar bem para que eles também estejam. Pais felizes têm filhos felizes” – completa ela.
Na escola
Ana Débora conta que é importante deixar a direção da escola a par do diagnóstico da criança já no ato da matrícula, bem como sobre suas principais dificuldades e também habilidades. Não pode haver recusa da matrícula. A lei ampara vocês e é preciso ter conhecimento disso. Uma dica importante para a qualidade de sua permanência e convivência é sempre chegar e sair um pouco mais cedo para evitar os momentos de muito barulho. Também é fundamental fazer com que a criança conheça e tenha um mínimo de intimidade com todos os espaços da escola por onde necessite transitar ou permanecer. Desta forma ela vai se sentir muito mais segura com o novo ambiente.
Autonomia
“Procure estimular a autonomia e a independência de seus filhos. Utilize recursos visuais com a sequência do que ele deve fazer no momento. Existe na internet diversas figuras que podem ajudar. Não tenha pressa. No primeiro momento, ajude-os em tudo o que for necessário, como vestir roupa e escovar os dentes. Depois deixe de realizar as funções para ele e comece a apontar para as figuras que representam a atividade desejada. No último estágio você somente precisará verbalizar o que a criança deve fazer. Isso o tornará muito mais confiante e independente. Quando houver uma atividade externa antecipe a ele tudo o que será feito. Se for uma visita a um parente, dizer que ele poderá brincar com os primos mas que deverá se sentar `}a mesa para fazer a refeição como todos os presentes e assim por diante. Antecipar os acontecimentos ajudará a reduzir sua ansiedade” – explica a palestrante.
Direitos
Gilson Carlos explia que a Lei 12.764 de 27 de dezembro de 2012 foi um marco decisivo em relação aos direitos dos autistas ao determinar que a pessoa com TEA é considerada uma pessoa com deficiência para todos os efeitos legais. Inclusive discriminar uma pessoa com transtorno do espectro autista é crime. “Todo paciente diagnosticado com TEA que seja de família de baixa tem direito a um benefício chamado BPC (Beneficio de Prestação Continuada). O BPC é um direito da família que, diferente da aposentadoria, é intransferível. Só dura enquanto o paciente estiver vivo. Ele se restringe a uma parcela da população que possui limite de renda familiar de no máximo ¼ de salário mínimo por pessoa. Além disso, sua família tem direito obter isenção de até 40% na compra de veículos novos e de até 100% do IPVA” – esclarece o médico.
Amag
O Ambulatório Multiprofissional de Aparecida de Goiânia realiza um serviço de excelência nas áreas de ortopedia e neurologia no município. Uma equipe de psicólogos, fonoaudiólogos, psicopedagogos e terapeutas ocupacionais oferece atenção especial a pacientes com sequelas físicas e motoras. A reabilitação ortopédica atende pessoas com problemas na coluna, como hérnia de disco, lombalgia e escoliose; no ombro e punho, como bursite, luxação de clavícula e artrose; e no quadril e membros inferiores, como fratura de fêmur, amputação e lesão de ligamentos. Já na área de fisioterapia neurológica, pacientes com paralisia cerebral, microcefalia, Parkinson, sequelas oriundas de Acidente Vascular Cerebral, entre outros, recebem atendimentos com diferentes especificidades.