Caiado confirma reforma administrativa e terá 17 secretarias de Estado
Govenador eleito afirmou, durante entrevista, que busca junto ao governo federal alternativas à grave crise fiscal que assola o Estado
O governador eleito Ronaldo Caiado (Democratas) confirmou, durante entrevista nesta terça-feira, 20, que promoverá uma ampla reforma administrativa no Estado, com objetivo de aumentar eficiência e cortar gastos em todos os âmbitos do governo.
Segundo ele, o intuito é manter o número de secretarias atuais (17), mas desmembrando aquelas consideradas fundamentais, como Agricultura, Cultura e Esporte, e extinguindo as extraordinárias.
“Não farei fusão [de pastas importantes], que é mera maquiagem e só produz ineficiência. Sentarei com cada secretário e farei uma avaliação de 30 em 30 dias, cobrando suas metas e resultados para ninguém dar desculpas”, explicou.
No que diz respeito aos cargos comissionados, Caiado assegurou que não cometerá injustiças e analisará quais são fundamentais para a administração e quais são meras acomodações políticas.
“Vou cortar despesas, darei um bom exemplo como governador. Vou cortar na carne, aliás, no osso, para dizer que nesse momento grave seremos modelo. Não tomarei atitude intempestiva, marqueteira, nada que seja promocional, farei com respeito e ao mesmo tempo avaliando todas as secretarias”, completou.
Um mês e meio após a eleição, o democrata ainda não anunciou oficialmente nenhum nome do secretariado. Isso por que, para ele, é preciso concluir o detalhado levantamento da real situação do Estado. A expectativa é que os nomes comecem a ser anunciados no começo de dezembro.
Avaliação econômica
Em crise grave fiscal, Goiás deve fechar o ano de 2017 com rombo acima de R$ 3 bilhões e a atual administração tucana já atrasa salários dos servidores públicos.
“A idade nos ensina temos que ter humildade de ouvir, quanto mais se ouve, melhor. Tive a oportunidade de ganhar no primeiro turno, por isso estou fazendo uma análise minuciosa, ouvindo boas cabeças dentro e fora de Goiás. É preciso lembrar que há regras a se seguir, como a Lei de Responsabilidade Fiscal, o Teto de Gastos, tudo isso deve ser levado em conta”, argumentou.
É justamente levando em conta a nova realidade a ser seguida por gestores municipais, estaduais e pela própria Presidência da República, que Caiado tem se reunido periodicamente com os futuros ministros do presidente Jair Bolsonaro (PSL).
“Há uma realidade que não é tão fria quanto a letra da lei. Estamos tratando de servidores que trabalharam e que não têm acesso ao salário, no período de Natal e janeiro, que há matriculas dos filhos, essa realidade deve ser levada em conta. Governadores eleitos precisam de amparo, não é simplesmente fazer concessões, é um gesto humanitário. Goiás está insustentável, e temos que encontrar uma alternativa temporária”, destacou.
O governador eleito insistiu que não dá para simplesmente lavar as mãos e não honrar com a folha de pagamento do funcionalismo, com o pagamento das organizações sociais dos hospitais, as tornozeleiras dos presos do semiaberto, as bolsas pagas às faculdades, ou seja, dizer “sinto muito, não tenho como pagar as contas”: “Estamos buscando alternativas junto ao governo federal. A União pode emitir títulos, ampliar o déficit orçamentário, enfim, há muito a se fazer”.
Incentivos - Ainda durante a entrevista, Ronaldo Caiado confirmou que está desenvolvendo uma proposta alternativa à enviada pelo atual governo no que diz respeito à convalidação dos incentivos fiscais concedidos pelo Estado à iniciativa privada.
De acordo com o democrata, o texto está sendo discutido junto à Associação Pró-Desenvolvimento Industrial do Estado de Goiás (Adial) e aos deputados estaduais eleitos e os da atual legislatura.
“Não posso perder tempo, temos que discutir o assunto na hora certa, que é agora. A progressão para julho [convalidação], que será votada ainda em 2017, não quer dizer que estamos isentos de discuti-la. Já os procurei [empresários e parlamentares], continuarei conversando com todos. Quero ouvir sugestões, discutir. Há uma proposta da nossa parte”, explicou.
A principal preocupação do próximo governador é que o texto enviado pela atual administração mantém uma prática já condenada pelo Tribunal de Contas do Estado de Goiás (TCE-GO): a de renúncia fiscal, com falta de transparência na concessão dos benefícios.
“Já me reuni com quase todos os deputados, estou discutindo abertamente, dizendo a todos que minha origem é o Legislativo, conheço bem e valorizo as Casas de Lei. O que quero é ter uma Assembleia que compartilhe as dificuldades do Executivo, não vai haver submissão, teremos diálogos abertos. Discutindo junto a eles todos os projetos importantes para Goiás, como a dos incentivos fiscais”, arrematou.